O (renovado) Processo de Certificação para o Nível 2

Cauê Hattori
Nível 2 Tester

Cauê Hattori
Nível 2 Tester

Olá, queridos/queridas juízes/juízas do Brasil. Escrevo hoje para comentar um pouco sobre o novo projeto que estamos lançando com a intenção de aperfeiçoar o processo de certificação para o Nível 2 (N2). Para isso, vamos conversar um pouco sobre o que ele pretende fazer.

O que faz um N2?

Quando pensamos no processo de certificação, a primeira coisa que nos importa é aquilo que estamos certificando. No final das contas, o que significa, realmente, ser um N2?

Os juízes de Nível 2 possuem todas as habilidades de um juiz de Nível 1 e ainda outras, como grandes níveis de diplomacia com Organizadores de Torneios (TOs), capacidade de liderança e de certificar novos juízes N1, apenas para mencionar algumas.

Essas habilidades são medidas através do processo de certificação para o N2, que tem como pré-requisitos:

  • Apitar seis torneios sancionados nos últimos seis meses;

  • Um review de recomendação escrito por um juiz de Nível 2 ou 3 nos últimos 12 meses (esse torneio precisa ser de NAR Competitivo);

  • Ter escrito reviews de ao menos dois juízes diferentes nos últimos 12 meses;

  • Um artigo, report de conferência, ou report escrito de um torneio com múltiplos juízes nos últimos 12 meses;

  • Ao menos 70% de acerto em um Nível 2 Practice nos últimos 12 meses.

Esses são os requisitos pré-teste, depois disso o juiz pode fazer a prova para N2 e, atingindo a pontuação mínima, ele participa de uma última etapa: a entrevista.

O ato de passar por todas essas etapas dá a você o nível de experiência desejado para um N2. Cada um desses estágios tem por objetivo garantir que você esteja pronto para exercer seu papel no novo nível, e isso se dá da seguinte forma:

  • Seu conhecimento de regras é testado em seu N2 Practice, assim como pela exigência de que você esteja apitando (no caso, ao menos um torneio por mês);

  • Sua capacidade de desenvolver a comunidade (mentoria e formação de novos N1s) é atestada pelos reviews que você escreveu, pelo acompanhamento oferecido durante os eventos com múltiplos juízes, e também por seu artigo/report, que transmite suas experiências a toda nossa comunidade;

  • Sua diplomacia, via de regra, já terá sido posta à prova (e aprovada!) no momento em que você participa de torneios com múltiplos juízes; entre outras coisas.

“Mas qual é o problema?”

Para entender bem essa pergunta e respondê-la, é preciso, antes, contar o resumo de uma trilogia:


Livro 1 – Uma Terra Desolada

A comunidade brasileira de juízes não é grande. Hoje, ela é maior do que jamais foi, mas ainda assim não é grande. Em um passado (não tão) remoto, nosso processo de certificação foi muito mais… displicente.

Eu e a maioria dos juízes de hoje somos fruto de uma necessidade de tempos passados. Houve uma época em que nós simplesmente não tínhamos juízes suficientes, e a mentalidade então adotada foi a de que precisávamos ter mais juízes. Como em qualquer processo de produção, para se conseguir quantidade e agilidade, abriu-se mão da qualidade. Isso não significa que foram formados juízes ruins, mas sim que eles não passaram por um processo de certificação rigoroso o bastante.


Livro 2 – Os Filhos Da Necessidade

Um review de recomendação pode ser escrito por qualquer N2, e, mais do que isso, cada N2 é um exemplo de “como ser um N2”. A lógica natural do processo dita que você deve receber um review para sair do N1 e ir para o N2, ou seja, a partir do momento em que você se consuma um N2, se tudo correu seguindo os passos recomendados, você já teria recebido um review no passado, saberia o que o seu avaliador observou em você e *magic!*, você saberia como fazer uma boa recomendação (ou quando negá-la).

Mas e quando esse processo falha? Quando um N2 não passou por essa etapa durante sua própria certificação? Como esperar que ele seja capaz de fazer uma boa avaliação?


Livro 3 – A Nova Ordem

Em cima disso, temos a certificação de N2 Tester. Antes, somente um N3 podia certificar um N2, o que constituía um grande problema. Primeiro porque tínhamos pouco acesso aos igualmente poucos N3s do país, e, segundo, porque era bastante difícil exigir que o candidato fosse conhecido pelo aplicador do teste.

Antes do advento da certificação de N2 Tester, tínhamos apenas 3 pessoas aptas a aplicar a prova de N2 no Brasil (Rafael Svaldi, Carlos Rangon e Thales Bittencourt). Agora, após a introdução dos N2 Testers, contamos com mais de 10 novas pessoas que podem certificar novos N2s, isso sem mencionar a adição recente de mais dois N3s a nossa comunidade. É certo que ainda existem regiões do país deficitárias, mas é com muita tranquilidade que podemos afirmar que nunca antes na história desse país foi tão fácil fazer a prova para N2.


É com esse background histórico que anunciamos hoje o novo projeto para certificação para o N2. Esse projeto já estará ativo a partir da publicação deste anúncio, embora seja provável que ele passe por ajustes no decorrer de seu desenvolvimento.

O que nós queremos:

  • Apresentar um caminho claro para chegar ao Nível 2;

  • Melhorar a qualidade do nosso processo de certificação;

  • Auxiliar candidatos e mentores em sua busca pela excelência.

O que nós não queremos:

  • Dificultar o processo de certificação;

  • Deixar que pessoas passem pelo processo sem que tenham o devido conhecimento;

  • Inventar pré-requisitos que não sejam exigidos pelo programa.

As Barreiras no Caminho para o N2

Sejamos claros: não existe nenhum segredo para chegar ao N2. Os pré-requisitos são simples e bem delineados. A barreira mais frequentemente encontrada é a recomendação, já que ela exige que você trabalhe com juízes de Nível 2 ou superior. Uma vez que se você se inscreva neste projeto, faremos o possível para encontrar juízes Nível 2 próximos a você, e cuidaremos para que vocês trabalhem juntos.

Outra barreira frequentemente encontrada é passar na prova. Nosso projeto busca aproximar você de um tutor e lhe dar os recursos necessários para superar esse obstáculo. Mas é essencial ressaltar que passar na prova depende apenas de você!

Outro fato digno de nota é que a entrevista não é tradicionalmente vista como uma barreira; é uma concepção comum considerar que, se você chegou ao ponto de fazer a prova, a entrevista será meramente pró-forma. Isso nunca deveria ter sido assim, e faremos o possível para garantir que não seja mais. Já existem guidelines valiosas para a entrevista, e existe hoje uma conversa paralela com os certificadores para garantir que ela seja respeitada e bem aplicada.

“Legal, mas e o projeto?”

Ufa, finalmente é hora de falarmos sobre o projeto! Nosso projeto é composto, essencialmente, por um tripé de papéis:

1) O Certificador

O certificador é um N3 ou um N2 Tester que será o responsável por aplicar a prova ao candidato. Essa pessoa é escolhida essencialmente pelo fator geográfico, para facilitar a aplicação da prova.

2) O Mentor

O mentor é um juiz de N2+ escolhido para auxiliar o candidato. Também é a pessoa que vai escrever seu Review de Recomendação, ou conversará com o juiz que o fará (caso o mentor não consiga acompanhar diretamente o candidato em um torneio). Serve também como ponto focal para todas as discussões de regras e compartilhamento de experiências, e deve se reportar ao coordenador de projeto semanalmente para que se tenha clareza sobre a evolução do processo e do candidato. É muito importante que o mentor e o certificador NÃO sejam a mesma pessoa, para garantir uma avaliação mais idônea, no momento da entrevista.

(se você tem interesse em ser um Mentor, não deixe de preencher este formulário!)

3) O Candidato

O candidato é a estrela e a única razão de ser deste projeto. Para se candidatar a este projeto, você deve preencher este formulário (não se preocupe, tem outro link para ele no final do artigo). Uma vez aceito no projeto, seu tempo começa a correr. Temos um prazo máximo estipulado de quatro meses para que você cumpra seus pré-requisitos e faça o exame. Em caso de falha, designaremos a você um novo tutor para auxiliar durante o período de dois meses de cooldown, até o seu próximo exame.

O que realmente oferecemos ao candidato é o contato com as pessoas que podem oferecer auxílio em seu desenvolvimento, assim como com aquelas que podem ajudar no cumprimento dos seus pré-requisitos. Também faremos o possível para garantir que os mentores estejam bem alinhados com o processo de certificação e ofereçam a orientação adequada.

Estes são os primeiros passos de um projeto importante e duradouro. Não esperamos que ele seja perfeito desde o início. Ainda temos muitas ideias, como o desenvolvimento de conteúdo específico para candidatos e mentores, mas também gostaríamos de ouvir as suas opiniões! Se você tem alguma ideia, não deixe de mandar sua sugestão!

Obrigado, e que venham os novos N2!

 

Quero ser um candidato: http://bit.ly/CandidatoProjetoN2

Quero ser um mentor: http://bit.ly/MentorProjetoN2

Quero dar uma sugestão: http://bit.ly/SugestaoProjetoN2

Redação: Cauê Hattori

Revisão: Gustavo Marin e Leonardo da Luz

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