Algumas infrações neste documento permitem que o juiz considere a possibilidade de um retrocesso.
Estas infrações são IPG 2.5 Violação de Regra do Jogo, IPG 2.3 Erro de Card Oculto e IPG 3.7 Violação de Política de Comunicação.
Devido a quantidade de informação que pode se tornar disponível aos jogadores e que pode afetar sua jogada, retrocessos são considerados soluções de último recurso, aplicados somente em situações onde deixar o jogo no estado atual é uma solução substancialmente pior.
Provavelmente um artigo inteiro poderia ser escrito sobre este tópico, e por sorte nossa, alguém já o fez.
(http://blogs.magicjudges.org/articles/2013/08/20/backups-embracing-the-rewind/)
Em resumo, não se apresse para fazer um retrocesso. O juiz precisa considerar, em primeiro lugar, quais ações os jogadores fizeram até o momento, quanta informação foi revelada, assim como a possibilidade de piorar a situação, caso um retrocesso seja feito. Nunca é obrigatório fazer um retrocesso. Não entenda como se fosse “faça o retrocesso se puder, caso contrário, deixe tudo como está”, mas, sim, “deixe tudo como está, a menos que você realmente acredite que a situação atual é muito pior do que a aplicação de um retrocesso”. Lembre-se de que ambos os jogadores são responsáveis pelo estado atual do jogo. Não importa quão ruim tenha ficado a situação, ambos os jogadores tiveram oportunidade de prevenir isso.
Um bom retrocesso resultará em uma situação onde o ganho de informação não faz diferença e a linha de jogo permanece a mesma (com exceção do erro, que foi corrigido). Isso significa limitar retrocessos a situações com árvores de decisão mínimas.
Esta é uma maneira bonitinha de dizer que o retrocesso teve impacto mínimo. Por exemplo, o jogador ativo conjura Terror, tendo como alvo um Cavaleiro Branco, e o Cavaleiro Branco é posto no cemitério. Neste caso retroceder é rápido, limpo e não vai impactar nenhuma outra decisão da sequência. Agora, vamos expandir nossa situação hipotética: digamos que o jogador ativo conjura Terror para remover um bloqueador e depois ataca com todas as suas criaturas. Neste caso, mais decisões foram tomadas. Um retrocesso ainda é aceitável, mas as decisões de ataque podem ser alteradas. Por fim, imaginemos que o jogador ativo conjura Terror no Cavaleiro Branco e então ataca. O oponente bloqueia. Ambos os jogadores trocam instantâneas e habilidades durante o combate. Neste caso, informação demais foi revelada, e retroceder ao ponto do erro inicial iria impactar drasticamente o desenrolar e as relações de causa e efeito do turno. Quanto menos decisões, maior a probabilidade de que um retrocesso seja aceitável.
Apenas o Juiz Mor pode autorizar um retrocesso. Em torneios grandes, eles podem escolher delegar essa responsabilidade a Líderes de Equipe.
Isso não deveria ser novidade para ninguém. A qualquer momento em que você se pegar prestes a fazer algo que não pode ser facilmente revertido (como uma Perda de Jogo aplicada erroneamente, ou um retrocesso mal feito) o Juiz Mor deve ser consultado antes. Em eventos maiores, como um Grand Prix ou um RPTQ, o Juiz Mor pode permitir que Líderes de Equipe autorizem retrocessos. Quando isto ocorrer, o Juiz Mor comunicará essas atribuições durante a reunião de juízes. Agora, isto não quer dizer que você deixa de poder solicitar ao próprio Juiz Mor, caso julgue um retrocesso a medida certa para solucionar uma situação.
Para fazer um retrocesso, cada ação individual desde o ponto onde o erro ocorreu deve ser revertida, iniciando com as mais recentes e trabalhando para trás. Toda e cada ação deve ser revertida: nenhuma parte de uma sequência deve ser omitida ou reordenada.
Sempre pergunte aos jogadores o que aconteceu. O juiz deve ter um claro entendimento de cada ação que precisa ser revertida antes de começar a fazer o retrocesso. Não pode haver “Não tenho certeza de quais terrenos foram virados” ou “Eu não me lembro se ele atacou com essa criatura ou se a virou para ativar sua habilidade”. Desfaça cada ação, em ordem. O juiz não pode ignorar nenhuma das ações ou mexer com a ordem destas. Deve-se retroceder exatamente ao ponto em que o erro ocorreu, precisamente à configuração em que este foi cometido. Isto serve para proteger tanto os jogadores quanto os próprios juízes. Quando um juiz retrocede o jogo ação a ação, os jogadores podem ver e entender o que está acontecendo, aprender com o erro e aceitar melhor a solução.
Se a identidade de um card envolvido em uma ação de retrocesso é desconhecido a um dos jogadores (normalmente porque foi comprado), um card aleatório é escolhido dentre os possíveis candidatos.
Retroceder uma compra de card pode deixar pessoas aflitas. Não é nada especialmente complicado, mas, ainda assim, não é algo que deva ser feito de forma displicente. Se for necessário retroceder uma compra de card, coloque o card no lugar de onde ele veio. Se o card específico não for de conhecimento de todos os jogadores, coloque de volta um card aleatório. Aqui se torna especialmente importante esclarecer: se você se pegar desejando embaralhar o deck após retornar um card aleatório da mão de um jogador como parte de um retrocesso, então é bem possível que você esteja, a essa altura, provocando mais danos do que resolvendo a situação. Embaralhar um card aleatório da mão de um jogador em meio a uma partida é a clara definição de “deletério”, mas veremos abaixo como contornar essa situação.
Embaralhamentos são revertidos com um embaralhamento simples da porção aleatória do deck depois que o resto do retrocesso for completado. Um card que ficou conhecido por um jogador de maneira legal depois que um erro foi cometido não é considerada aleatória e deve ser colocada no lugar apropriado depois que for feito o embaralhamento.
Como podemos retroceder um embaralhamento? Eita, embaralhar de novo! Como retroceder múltiplos embaralhamentos? Apenas um embaralhamento. Tente não se deixar levar por tudo isso. Lembre-se de prestar atenção aos cards conhecidos e revelados e saber se eles devem ou não ser embaralhados. A última linha, que fala sobre cards que se tornaram legalmente conhecidos, se aplica a cards comprados durante a porção do jogo posterior ao erro e que são colocados de volta como parte do retrocesso. Se eles foram legalmente comprados depois do erro, então eles são, da mesma forma, legalmente conhecidos por um dos jogadores. Já que a identidade exata do card comprado é, provavelmente, uma informação perdida, vamos ter que nos contentar com colocar de volta um card de maneira aleatória, mas vamos evitar que ele seja embaralhado com o resto do grimório. Essa política apresenta uma interação estranha com a mecânica vidência (uma vez que esta também gera cards legalmente conhecidos) que não parece proposital e que, esperamos, será corrigida numa próxima atualização do Guia de Procedimentos de Infração.
Retrocessos envolvendo elementos aleatórios/desconhecidos devem ser tratados com extrema precaução, especialmente se eles causarem ou ameaçarem causar uma situação em que o jogador vai terminar com cards diferentes dos que eles teriam terminado, se os cards tivessem sido comprados corretamente. Por exemplo, devolver cards ao grimório quando um jogador tem a habilidade de embaralhar o seu grimório não é algo que deve ser feito, exceto em situações extremas.
Sempre que um juiz retorna cards aleatórios da mão dos jogadores como parte de um retrocesso, há o risco de o jogo ser drasticamente alterado. Por exemplo, o jogador vem construindo sua estratégia em função de um card específico, presente desde sua mão inicial. Num retrocesso, tal card é retornado aleatoriamente ao topo do grimório. Então, quando o jogo volta a prosseguir do momento do erro, o oponente faz com que o card do topo do grimório do jogador seja colocado em seu cemitério. Ou imagine uma situação em que retornamos um card inútil ao topo do grimório, e o jogador sacrifica uma fetchland para se livrar de comprar o card indesejado.
Algumas soluções dizem que um retrocesso simples deve ser feito. Um retrocesso simples é voltar o jogo até o ponto anterior a última ação feita (ou a ação sendo feita atualmente) e as vezes isso é usado como parte de uma solução para um outro problema.
As infrações Violação de Regra de Jogo e Erro de Card Oculto mencionam que um retrocesso simples pode ser feito pelo juiz, antes da aplicação de uma correção parcial, caso seja plausível. Isto descreve o que é um pequeno retrocesso. Pequenos retrocessos são limitados a uma ação e existem justamente para fazer com que outras correções obtenham resultados mais intuitivamente corretos.
Um retrocesso simples não deve envolver nenhum elemento aleatório.
Se você está retrocedendo um embaralhamento ou colocando cards aleatórios da mão do jogador no grimório ou algo do gênero, o retrocesso já não é mais simples. Pare.