Vinicius Quaiato, Nível 2
O objetivo principal deste artigo é ajudar na preparação para o Nível 2, esclarecendo alguns mitos, com um direcionamento de estudos e atividades que vão auxiliar em sua preparação.
Os requisitos para o Nível 2
Se você deseja chegar ao Nível 2, ou tem alguma curiosidade sobre, a primeira coisa que a fazer é ler os requisitos para este Nível. Então vá lá no Blog de Recursos Oficiais e leia sobre a Redefinição do Nível 2, que eu espero.
Feito isso, vamos entender como trabalhar estes requisitos, como visualizá-los e como medir seu progresso rumo ao avanço de Nível.
Organize-se
Minha primeira dica é: organize-se!
A forma mais simples de fazer isso é criando uma planilha no Google Drive com a lista de requisitos, seus status e comentários. É interessante que esta planilha esteja acessível para outras pessoas, assim você pode compartilhar com um Nível 3 e então solicitar a prova quando você tiver tudo pronto. Além disso, ter estes dados tabulados possibilita uma visualização real de progresso.
Sua planilha deveria se parecer com esta aqui: http://bit.ly/ExemploPlanilhaN2
Outro benefício de ter os requisitos de forma organizada e acessível, é que desta forma fica mais simples conversar com alguém para pedir ajuda. Esta pessoa conseguirá ver o seu progresso dentro do processo, e assim ter atitudes mais assertivas.
Se você quiser, também pode adicionar uma seção nesta planilha com a data, tipo e as notas de exames que você tem realizado. Com isso é possível entender seu progresso com relação às regras.
Arbitrando PPTQs
Este é um dos mitos mais importantes que (infelizmente) temos que derrubar: arbitrar PPTQs não vai te deixar apto/a para o Nível 2. Tenho observado que muitos juízes e juízas arbitram o maior número de PPTQs possível em sua jornada rumo ao Nível 2. Isso é bom em partes. Torneios como PPTQs podem te ajudar a desenvolver algumas habilidades, como por exemplo perder o medo de atender uma mesa, ter a oportunidade de dar uma ruling errada e aprender com o Juiz Mor do torneio como lidar com isso, entender como entregar uma penalidade, realizar deckchecks com a supervisão de uma pessoa mais experiente, etc. Todas estas habilidades valem à pena serem aprendidas, porém, não podemos confundir estas habilidades com ser um/a Nível 2.
Embora arbitrar um torneio competitivo com múltiplos/as juízes/as seja um requisito para se chegar ao Nível 2, reparem que este não é um requisito qualitativo. Não é mensurado o quão bem você atua neste tipo de torneio. Você não precisa receber uma aprovação de quem foi Juiz Mor naquele torneio. Saber como preencher penalidades em uma slip de resultados, saber como realizar um deckcheck, saber como postar emparceiramentos, etc, nada disso é requerido para se chegar ao Nível 2.
Minha segunda dica é: Se você puder arbitrar PPTQs, ótimo, faça isso. Mas não faça isso pensando que quanto mais PPTQs você arbitrar mais próximo/a estará do Nível 2.
Avalie sempre o quanto um torneio como este está te ajudando a chegar próximo do Nível 2, e você pode fazer isso com os simulados e estudos.
Estudando para a prova
Ao longo dos anos eu já me envolvi com o processo de preparação de candidatos para o Nível 2 em diferentes momentos, e tenho auxiliado – como mentor – diferentes candidatos e candidatas. Com isso eu pude perceber algo preocupante: candidatos e candidatas se esquecem que estudar para a prova é algo muito importante. Este é o único requisito mensurável do processo para o Nível 2, é o único requisito qualitativo. Em nenhum dos outros requisitos é avaliado o quão bom ou boa você é, mas neste sim. Se você não obtiver 80% ou mais na prova de Nível 2, você não chegará ao Nível 2. Independente de quantos PPTQs tenha arbitrado, de quantos reviews tenha feito, de quantos reports tenha escrito – a prova é um requisito qualitativo, e você precisa, pelo menos, da nota mínima.
Fazendo simulados
Há uma excelente ferramenta online onde podemos medir nosso conhecimento de regras e procedimentos para um determinado Nível. Com isso podemos entender melhor como realmente estão nossos conhecimentos em relação ao que é esperado.
Minha terceira dica é: faça um simulado para o Nível 2 (L2 Practice) no Judge Center.
Não se preocupe com a sua pontuação neste primeiro exame. Você não precisa acertar tudo, nem obter a nota mínima necessária. Quando você faz este exame pela primeira vez, você está entrando em contato com o nível exigido de conhecimento. Você deve usar este exame (e seu resultado) para ajudar a guiar seus estudos. Um dos objetivos que deve-se ter com os simulados é estar confortável com o tipo e nível das questões, então prepare-se para isso.
Fazendo muitos simulados
Ao longo dos anos eu também tenho percebido que várias pessoas tendem a fazer o máximo possível de simulados online, na tentativa de obter melhores resultados. E este é outro mito que temos que derrubar: se você fizer um simulado por dia (ou mesmo um por semana), dificilmente irá aprender e absorver algo novo. O que vai acontecer é que você vai esgotar as questões inéditas, passando a fazer simulados com questões que você já viu a resposta. Simulados não servem para te ensinar, servem para medir o que você já aprendeu e estudou.
Minha quarta dica é: não faça muitos simulados, pois eles não vão te ajudar a aprender, vão apenas esgotar as questões indéditas.
Utilizando resultados para estudar
Quando você termina um simulado online, você obtém todas as respostas e explicações para cada questão, quer você tenha errado, quer tenha acertado. Use esta informação em seus estudos, elas são uma verdadeira mina de ouro.
Ao terminar uma prova online, não veja simplesmente quantas questões você acertou, trabalhe com o resultado. O processo que eu costumo fazer é:
- Para cada questão, eu verifico se acertei
- Antes de olhar a resposta eu repito em voz alta os motivos pelos quais eu acho que acertei ou errei
- Depois disso eu olho a resposta. Isso me ajuda a entender se eu acertei por sorte ou se eu realmente sabia as regras de forma correta
- Além disso, para cada questão, certa ou errada, eu leio todas as regras relacionadas na resposta
Com isso eu sempre vou aprender algo novo caso tenha errado; ou reforçar algo que eu já sabia, caso tenha acertado.
É muito difícil dar uma fórmula mágica para estudar, afinal cada pessoa tem um ritmo diferente de aprendizado. Mas com certeza ler as respostas, as explicações e as regras relacionadas é algo que todas e todos devem fazer.
Minha quinta dica é: leia as respostas, as explicações e as regras relacionadas, tendo errado ou acertado a questão.
Identifique áreas de estudo
Algo que poucas pessoas fazem ao terminar uma prova e analisar os resultados, é procurar compreender quais áreas são mais deficitárias e necessitam de maior atenção nos estudos. Faça isso. Analise sua prova e procure semelhanças no que você errou, e onde você não tinha certeza sobre as respostas.
As Regras Abrangentes são organizadas em tópicos, se você puder compreender em quais destes tópicos precisa melhorar, será mais fácil guiar os seus estudos. Se você errou algo sobre declaração de bloqueadores, e algo sobre dano de combate, é provável que você precise estudar melhor toda a estrutura de combate. Se você errou algo sobre custo de mana, e não estava certo sobre efeitos que ocorrem ao resolver uma mágica ou habilidade, então é provável que você precise estudar custos, processo de conjuração de mágicas/ativação de habilidades e também o processo de resolução de mágicas e habilidades.
Compreender as Regras Abrangentes em áreas também é algo que vai te ajudar, afinal é um manual com mais de duzentas páginas. À partir do momento que você percebe que a informação não está simplesmentes “espalhada” ao longo destas duzentas páginas, mas sim organizada de uma maneira progressiva e estruturada, seus estudos ficarão mais simples e prazerosos. Você passa a saber o que e onde procurar algo, experimente.
Minha sexta dica é: anote as áreas que você precisa estudar mais, identifique estas áreas dentro das CR, e estude-as.
Lendo os documentos
Não existe uma fórmula mágica para aprender as coisas. É possível que você converse com um juiz durante um PPTQ e ele te explique algumas coisas que você não entende. No entanto, alguns tópicos das regras só podem ser compreendidos quando você possui um conhecimento mais amplo sobre outros tópicos. Isso acontece por que as interações no Magic são complexas, e geralmente envolvem mais de uma única regra. Um exemplo clássico disso é a interação entre Atropelar, Toque-Mortífero e Indestrutível/Proteção. São 3 habilidades diferentes, mais o conhecimento da estrutura de combate. Ainda que uma pessoa te explique “o que acontece”, para compreender isso você precisa compreender estes tópicos de forma isolada, e então juntá-los. Este conhecimento virá com o tempo e com a leitura das regras.
Ler as Regras Abrangentes não é algo simples, nem tampouco a leitura mais prazerosa, porém é algo necessário. Você não precisa, no entanto, ler do início ao fim, de maneira sequencial. Comece lendo primeiro os tópicos que foram abordados nos simulados que você fez, afinal se algo estava presente em um simulado, é possível que aquele conjunto de conhecimentos esteja presente também em sua prova.
Minha sétima dica é: estude os documentos. Para compreender interações e entender como cartas, habilidades e efeitos se relacionam, é preciso entender o que cada um deles de forma isolada faz.
Estudos além dos documentos
Como comentado, ler as Regras Abrangentes não é exatamente a forma mais prazerosa de passar seus finais de semana. Você pode intercalar o estudo dos documentos com estudos mais práticos. Existem diversos recursos onde você pode aprender mais sobre as regras de Magic. Abaixo eu listo alguns dos recursos mais interessantes para isso (todos eles são em inglês).
Cranial Insertion – É um períodico sobre regras, cartas e interações. É mantido por alguns juízes Níveis 2 e Níveis 3. Nele é possível encontrar explicações sobre regras e interações bastante interessantes e até mesmo inusitadas.
Ask a Magic Judge – É um tumblr onde pessoas perguntam sobre regras, cartas e interações e a juíza Nível 3 Charlotte Sable as responde.
Rules & QA forum – Esta é uma seção do fórum do Judge Apps onde perguntas são feitas e recebem respostas completas e oficiais sobre regras.
Knowledge Pool – Blog com cenários semanais, que vão deste interações de cartas a cenários de procedimentos de torneios. Discussões sobre os cenários ocorrem no fórum do apps, e as respostas oficiais são publicadas no blog.
Minha oitava dica é: estude o máximo que puder. Quanto mais contato você tiver com o jogo e suas regras, mais preparado/a estará para a prova.
Conclusão
O processo para o Nível 2 não é complexo. Os requisitos são bastante simples de serem cumpridos, ainda mais atualmente com o circuito de PPTQs e a reformulação dos níveis. A maior barreira para muitas pessoas tem sido com relação aos estudos, então dedique um tempo para isso, pois é muito necessário.
Apitar é algo importante, e é parte fundamental do que fazemos como juízes e juízas, mas à partir do momento que desejamos arbitrar torneios competitivos e de grande porte, precisamos ter um conhecimento mais apurado das regras e procedimentos, e para isso precisamos dedicar tempo aos estudos. Diferentemente da prova para o Nível 1, onde conhecimento como jogador muitas vezes é suficiente, para o Nível 2 é necessário desenvolver um conhecimento técnico mais apurado. Para isso, estude! Após realizar um simulado, use algum tempo para estudar os tópicos em que você foi mal (é para isso que existe o período de espera/cooldown).
Se você tiver dúvidas, se estiver com dificuldades, procure um juiz Nível 2 experiente, ou juízes Níveis 3, e com toda certeza você terá o auxílio que precisa para seu avanço.