Apitando o seu primeiro Magic Fest

Victor Vasconcelos
Juiz Nível 2, Natal – RN

Victor Vasconcelos
Juiz Nível 2, Natal – RN

Com o Magic Fest São Paulo se aproximando, felizmente teremos uma oportunidade para que novos juízes e juízas possam trabalhar pela primeira vez nesse evento, seja no Grand Prix, o torneio principal do evento, ou em torneios paralelos diversos (competitivos ou regulares). Me chamo Victor Vasconcelos, sou L2 de Natal / RN e recentemente passei pelo meu 18º Grand Prix / Magic Fest. Este artigo visa oferecer alguns insights e dicas para que a sua primeira experiência apitando este tipo de evento seja a mais proveitosa possível.

 

1. Programe-se (e prepare-se) de acordo com sua schedule.

Uma das primeiras informações que você terá acesso ao ser aceito para um Magic Fest é a schedule/programação do evento. Dentre outras informações, você saberá os dias em que irá trabalhar e as equipes que fará parte.

Um Magic Fest é uma celebração do nosso joguinho de cartas. Trocando em miúdos, isso significa que haverão dias nos quais todos os tipos de jogadores terão oportunidades para jogar os seus formatos favoritos. E pode acontecer de você assumir tarefas tão diversas quanto ser juiz-mor de alguns Last Chance Trials na sexta-feira, fazer deck checks no evento principal do sábado e no domingo apitar torneios tão diversos quanto um selado de gigante de duas cabeças ou Old School Magic, um formato no qual a queimadura de mana ainda acontece.

Para que tudo isso funcione da melhor forma, é importante estar preparado. Saber quem são os membros da sua equipe e fazer uma busca rápida no Judge Apps pode revelar que aquela pessoa que passará quase 10 horas ao seu lado escreveu um artigo incrível sobre como identificar com facilidade condutas antidesportivas. Tente absorver os pontos fortes daqueles que o cercam!

Cuide de si mesmo! Você passará por turnos de trabalho que irão durar mais de 8 horas. É bastante importante não se exceder na véspera do evento e não subestimar o descanso necessário ao final de cada dia. Não ponha em risco seu bem estar e sua saúde: hidrate-se bastante, alimente-se bem. Durante um dos meus primeiros GPs, ouvi uma frase que nunca esqueci: se você está com sede, você JÁ está desidratado.

 

2. Trace um objetivo para o Magic Fest.

O Magic Fest, como um grande evento, é uma oportunidade para que você possa se desenvolver enquanto juiz. Seja através da experiência de checar interações diversas e pouco usuais que geram dúvidas nos jogadores; seja por poder interagir com outros membros do programa de juízes e conhecer as suas motivações; ou mesmo poder trabalhar realizando funções que você sequer sabia que existia (se você não sabe o que é EoR, por exemplo, vale a pena dar uma pesquisada antes de ir para um MF).

A partir daí, use o evento como oportunidade para crescimento pessoal. As possibilidades são infinitas, mas exemplos de objetivos podem ser: “aprender novas técnicas de deck check”, “apitar um formato que você nunca tenha apitado antes”, “avaliar a forma de trabalhar do juiz ou da juíza que você admira”, “escrever reviews dos membros de sua equipe”, “executar uma ação exemplar durante o evento”, e por aí vai.

 

3. Se você tiver alguma dúvida durante o evento, faça como um jogador deve fazer: chame um juiz!

Riki Hayashi, um dos juízes mais experientes com quem tive a oportunidade de trabalhar, uma vez escreveu um post em que discutia a forma como equipes de Magic Fest são montadas e sobre como a sua forma ideal seria equilibrar juízes pouco experientes com juízes que possam ensiná-los e lapidá-los ao longo do evento.

Se este é o seu primeiro evento, você terá a sorte de estar cercado por juízes com mais experiência nos eventos que você, além de um team lead que será (pelo menos teoricamente) muito mais experiente e apto (e que poderá ter como objetivo pessoal para aquele MF, prover uma experiência incrível para sua equipe).

A partir daí, utilize esse corpo massivo de pessoas vestidas de preto como suporte para que você possa oferecer a melhor experiência possível aos jogadores do evento. Se você não se sente seguro ao atender uma mesa e oferecer uma ruling, questione um colega ao seu lado. É muito mais fácil oferecer uma extensão de tempo adicional de 2 minutos para perguntar rapidamente a um colega o que ele pensa sobre o assunto do que ir até o Head Judge e informá-lo que um jogador pediu um apelo depois de uma ruling passada sem segurança. (Mas que fique claro aqui também que não há absolutamente problema nenhum em ter uma ruling sua apelada por um jogador).

Quando vir um colega seu atendendo uma mesa, faça o que chamamos de shadowing: aproxime-se da partida, acompanhe o atendimento do outro juiz ou juíza e aprenda com isso. Se quiser, você pode tomar notas, perguntar ao colega a razão daquela ruling e/ou mesmo elogiar ou criticar o atendimento realizado.

 

4. Tenha experiências que não poderia ter localmente e integre-se à comunidade.

Por morar em Natal, tenho uma comunidade que restringe de algumas formas minha atuação como juiz por aqui: minha cidade possui atualmente duas lojas que resumem 95% dos seus eventos nos formatos standard e modern. A cada três ou quatro meses, com o lançamento de uma edição, eu poderia apitar um evento regular de pré-lançamento selado. E essa realidade de eventos repetitivos e pouco instigantes deve repetir-se em diversas outras comunidades pequenas espalhadas pelo Brasil.

Geograficamente falando, também estamos bem distantes da maior parte dos juízes e juízas do país, que se acumulam na região sudeste. O MF, por possuir uma compensação diferenciada da maior parte dos eventos que normalmente apitamos, nos permite “dar-se o luxo” de viajar milhares de quilômetros para trabalhar no evento em questão. Se você está no Amapá ou em Mato Grosso, na Bahia ou no Piauí, o MF é a oportunidade para que você possa aproximar-se dos demais juízes do país, interagir, conversar e conhecer diferentes pessoas, com diferentes histórias e backgrounds e vivências mas que dividem contigo pelo menos um ponto em comum: o gosto por Magic: The Gathering.

 

5. Divirta-se!

Por último, mas não menos importante, uma informação que eu costumo lembrar todos os jogadores no início dos torneios que costumo apitar: Magic ainda é um jogo e ele foi feito para que possamos nos divertir. E nesse caso, não importa de que lado estamos: jogando ou apitando, você vai ter uma experiência muito melhor se estiver com aquele brilho no olhar, empolgado pelo jogo, pelo salão lotado, por encontrar tanta gente com o mesmo interesse que você – se divertir.

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