Entrevista com Juízes e Juíza Nível 1 que apitaram o GP Porto Alegre

Olá pessoal!
Hoje trazemos um conteúdo um pouco diferente: um bate-papo (entrevista) com os dois juízes e a juíza, todos Nível 1, que apitaram o GP Porto Alegre.
Sabemos que este não é um torneio no qual juízes e juízas de Nível 1 costumam ter acesso, por isso acredito que seja bacana compartilhar as experiências vividas por eles.

Ressaltando que torneios como Grand Prix são majoritariamente para juízes e juízas de Nível 2 ou maior. Diversos GPs no entanto abrem pequenas exceções para juízes e juízas de Nível 1 que estejam em vias de realizar a prova para o Nível 2. Se o seu desejo é apitar um GP corra para o Nível 2!

Robson Falcão

Robson Falcão

Jéssica Rodrigues

Jéssica Rodrigues

Daniel Sturmer

Daniel Sturmer

Para começarmos contem para o pessoal quem são vocês?

Robson: Robson Falcão de Oliveira, Vitória da Conquista, BA. Juiz desde Novembro de 2012.

Jéssica: Meu nome é Jéssica, moro em Porto Alegre e apito há seis meses.

Daniel: Daniel Sturmer, sou da cidade de São Miguel do Oeste – SC, fica localizada no extremo oeste de SC próximo a divisa com a Argentina. Estou arbitrando desde Janeiro de 2015.


Quantos dias vocês trabalharam?

Robson: Sábado e domingo

Jéssica: Trabalhei dois dias, sábado e domingo.

Daniel: Dois (Sábado e Domingo).


Sabemos que um Grand Prix é um torneio grande e não é comum que juízes ou juízas de Nível 1 apitem. O que vocês pensaram quando as inscrições foram abertas?

Robson: Meu planos eram apitar o GP como Nível 2. Cumpri todos os pré requisitos necessários e não poupei esforços nem dinheiro para que isso acontecesse, no entanto, negligenciei o estudo dos manuais e me deu mal na prova. Imagino ter sido aceito para apitar o GP por estar me preparando para o Nível 2.

Jéssica: Eu pensei que, como eu morava na cidade onde o GP aconteceria, haveria um chance de eu ser chamada.

Daniel: Meu principal objetivo como juiz é expandir o magic em minha região/estado. Ao fazer minha inscrição, não foi diferente. Basicamente, pensei em aprimorar meu conhecimento para dar continuidade a este meu objetivo de expansão.


Como vocês se preparam para o evento?

Robson: Frustrado por não ter passado na prova para Nível 2 nas vésperas do GP, decidi esfriar a cabeça para que pudesse dar o melhor de mim para o evento. Apenas relaxei e entrei de corpo e alma nesse grande momento.

Jéssica: Fiz muitos testes no Judge Center, revisei Comp Rules, IPG e MTR, apitei tantos GPT quanto eu podia e fiz a leitura do artigo na wiki sobre primeira vez apitando em eventos profissionais: http://wiki.magicjudges.org/en/w/First_time_guide.
Além disso, na sexta-feira fui até o evento para aprender um pouco da dinâmica do GP.

Daniel: Busquei revisar meu conhecido do IPG e realizei alguns testes (comigo mesmo) sobre as regras. Lembro de ter entrado em contato com a Alice e o Leonardo, pedindo algumas dicas e tudo mais. Também li o artigo do Vinicius Quaiato sobre Preparação para um Torneio, aqui no blog.


O que fizeram em cada um dos dias?

Robson: Fui juiz dos Paralelos. Apitei muitos drafts e alguns poucos torneios torneios construídos de formatos diversos.

Jéssica: No sábado fiquei nos Paralelos e no domingo nos eventos sob demanda. A maioria dos eventos que apitei eram drafts de eliminatória simples.

Daniel: Trabalhei diretamente nos Paralelos. Boa parte deles foram eventos limitados.


Comparados com torneios de lojas, quais as diferenças e desafios ao arbitrar um GP?

Robson: Como todos esses eventos que apitei foram em REL Regular, a única coisa realmente diferente foi a quantidade de torneios simultâneos. Além disso o conceito de times dentro dos GPs foi um desafio.

Jéssica: As diferenças que notei são as seguintes:

  • Preocupação com a logística: onde os jogadores vão sentar, o controle de número de mesas, pedir para pessoas que não estão jogando torneio se retirarem
  • Controlar vários torneios ao mesmo tempo
  • Evento muito longo

Daniel: Em lojas você possui uma quantidade pequena de jogadores, sendo que possivelmente você já conheça boa parte deles. No GP não existe nada disso. O que mais me impressionou foi quantidade de eventos aos mesmo tempo para organizar e arbitrar.


Ainda que o GP possa muitas vezes ser corrido e agitado, sobra espaço para aprendizado? O que vocês aprenderam neste torneio?

Robson: Com certeza, o mais importante dos dois dias de trabalho foram os momentos de conversa entre os juízes, nos quais trocamos informações e experiências, além da possibilidade de discutir e analizar fatos ocorridos, situações de jogo e regras. Foi de grande valia poder ter pessoas com o mesmo propósito para poder interagir.

Jéssica: O torneio todo foi um aprendizado. Vendo Carlos Rangon e Juan del Compare organizando os torneios paralelos pude absorver muitas dicas que vou usar em meus próximos GP’s ou até em torneios locais.
Além disso, meu mentor Riva Arecol me fez desafios de regras, o que certamente me deixou mais preparada.

Daniel: O principal foi como proceder em situações específicas de torneios regulares, por exemplo, começar um draft e o jogador no meio ou no início do draft ter que retirar-se. Tanto o Carlos Rangon quanto o Juan del Compare trabalharam de formas distintas na logística dos eventos paralelos, e eu pude aprender com ambas as formas.


Quais foram as situações e momentos mais difíceis?

Robson: Para mim, dois fatores me colocaram em xeque no evento. O primeiro foi quando percebi que deveria ter mais firmeza ao tirar dúvidas de jogadores, o que deixou claro que devo me empenhar cada dia mais no conhecimento e domínio das regras. O segundo momento foi compreender o processo de times e lideranças dentro de um GP. Muitas vezes vamos encontrar líderes de equipe que fazem as coisas de uma maneira diferente da qual estamos acostumados e saber lidar com isso é um desafio.

Jéssica: Meus momentos mais difíceis foram quando os jogadores reclamavam de alguma situação (por exemplo, a morte-súbita nos torneios de eliminatória simples) e, no sábado, quando se passaram por uma pessoa para pegar a premiação dela. Essas situações foram resolvidas conversando com os envolvidos.

Daniel: Em algumas horas devido ao cansaço intenso e também a euforia de estar no evento, tive um pouco de dificuldade de comunicação. Houve intensa procura pelo juiz, tanto por parte da organização quanto para tirar dúvidas a qual não sabia para onde correr pois não sabia qual era a maior urgência.


Os GPs são torneios internacionais, vocês conviveram com juízes de fora só Brasil nestes 3 dias? Como foi esta experiência?

Robson: Sim. Foi algo bem natural no meu caso, por participar de programas de intercâmbio como família hospedeira. Gostei muito de conversar com juízes de vários lugares do mundo e ganhar novas amizades. Não consegui interagir muito com os argentinos.

Jéssica: A experiência foi muito boa, pois pude treinar o meu inglês o fim de semana todo.

Daniel: Com certeza. No hostel onde ficarmos tive varias oportunidades para conversar com juízes, sendo boa parte deles de fora. Todos, sem exceção, foram extremamente gentis e compreensivos, em especial o Emmanuel Leal (México), Riva Arecol (USA) e o Claudio Nieva (Argentina).


Você acredita que estava preparado/a para este tipo de torneio? Olhando para tudo que passou, o que você poderia ter feito diferente?

Robson: Como comentei com outros juízes, a experiência me mostrou que apesar de saber que tenho muito ainda para aprender, eu descobri que sei mais do que eu imaginava. Após essa experiência, meu objetivo é me aprimorar ainda mais e tentar melhorar nos quesitos que fui falho. Com certeza estarei muito melhor preparado para os próximos que virão.
Uma coisa que farei com muita certeza é buscar aprender mais sobre o funcionamento das equipes e como são designados os tramites de trabalho, justamente para poder interagir de uma melhor forma e talvez sugerir melhorias.

Jéssica: Eu achava que não estava preparada, mas após ir na sexta-feira e pedir dicas e acompanhar outros juízes nos GPT’s, eu me senti mais confiante. Creio que não faria nada diferente, pois dei o melhor de mim no evento.

Daniel: Estava ciente que teria mais dificuldade, porém não tive muitas, acredito que estava preparado sim. De nada adiantaria eu me dispor a ir um lugar como este, realizar parte do meu sonho como juiz/jogador e não dar o meu melhor. Com certeza o meu melhor deixei presente em todas minhas ações no evento. Talvez deveria ter me preparado melhor para atender jogadores em outros idiomas pois eu não tinha noção de que haveriam tantos “gringos” hehehe.


Para finalizamos quais são as dicas que vocês deixam para o primeiro GP de outros/as juízes e juízas?

Robson: Preparem suas pernas para uma maratona de horas em pé, sempre tenha algo seguro para anotar coisas e uma caneta. Leve snacks e uma garrafa de água para se manter hidratado, mantenha uma postura firme e cordial com todos, e por fim, dialogue bastante com outros juízes e aproveite ao máximo todos os momentos de interação e aprendizado.

Jéssica: Leve canetas e um bloco de notas. Seja proativo e educado. Mostre que você quer aprender. Se cometer um erro, busque resolvê-lo da melhor maneira.

Daniel: Humildade e bondade sempre. Você encontrará desde a vovó aprendendo (literalmente aconteceu isso) até o jogador profissional e se você for bom com eles, e deve ser, você será lembrado e bem tratado por eles eternamente. Possui dúvida? Peça ajuda, nenhum juiz irá lhe negar isso. Caso ocorra algum equívoco, dê ênfase à solução, pois o evento não pode parar. Comunique-se muito, troque muita informação com os outros juízes. Durma bem, descanse, se prepare fisicamente, pois é muito cansativo. E claro, não esqueça do bloco de notas para anotar tudo, pois a enxurrada de informações é constante e você acabará esquecendo de algumas coisas.


Deixo aqui meu muito obrigado a estes três juízes. Trabalhar em um GP não é fácil, como eles disseram. É cansativo, e muito. Muitas vezes ficamos mais de 12 horas de pé em cada dia. São muitas informações e muitas pessoas para atenderemos. Estou certo de que as experiências deles ajudarão muito a outros juízes e juízas.

Abraços,
Quaiats.

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